O mercado de gás natural no Brasil passou por uma transformação significativa nos últimos anos. Inicialmente, a Petrobras como agente dominante, estava presente em todas as etapas da cadeia, desde a produção até a distribuição, o que foi crucial para o desenvolvimento inicial do mercado. A empresa desempenhava um papel central, balanceando a oferta e demanda, assegurando o transporte e importação, e mantendo um contrato único com as distribuidoras. Essa estrutura permitiu que o mercado de gás natural no país avançasse, garantindo estabilidade e segurança.
No entanto, à medida que o mercado amadurecia, tornou-se claro que a abertura para novos players seria benéfica tanto para o país quanto para a Petrobras. Essa mudança de paradigma permitiu que a Estatal focasse em seu negócio principal, a produção, enquanto outros agentes entravam em cena para diversificar o mercado.
Hoje, vemos o reflexo dessa abertura no portfólio de suprimento de empresas como a SCGÁS, que já possui contratos com 03 diferentes fornecedores. Esse mix de contratos de diferentes prazos e condições permite uma maior segurança no fornecimento e a busca por preços mais competitivos. A diversificação é essencial para garantir que a SCGÁS possa atender sua base, ajustando-se às oportunidades de mercado sem se comprometer com contratos demasiadamente longos ou curtos.
Essa diversificação também beneficia os consumidores. No Estado de Santa Catarina, a regulação que permite que clientes com consumo acima de 10 mil m³ por dia possam contratar diretamente no mercado livre, abrindo-se um leque de possibilidades. Atualmente são 15 agentes comercializadores cadastrados na Aresc – Agência Reguladora de Serviços Públicos de Santa Catarina, que podem ofertar diferentes produtos adequados ao perfil de consumo de cada indústria, promovendo a competitividade e inovação no setor, a partir de uma “Produtização” do Gás Natural, com diferentes compromissos de retirada e condições de flexibilidade e preços alinhadas a necessidade de cada processo industrial.
Podemos traçar um paralelo com o setor elétrico, onde o mercado livre de energia já está bem estabelecido. A tendência é que o gás natural siga caminho similar, com grandes consumidores contratando diretamente a molécula no mercado livre, enquanto as distribuidoras continuam a prestar serviços essenciais de distribuição e manutenção da infraestrutura.
Um marco recente que ilustra essa evolução foi o comissionamento do Terminal Gás Sul (TGS) em abril de 2024. Localizado na Baía de Babitonga, o TGS já começou a injetar gás no sistema, ampliando as opções de entrada do energético no sul do país. Com capacidade de até 15 milhões m³ por dia, o terminal representa uma terceira via de oferta do combustível, complementando as entradas já existentes da Bolívia e do Hub em Paulínia. Essa nova opção não apenas melhora a segurança energética, mas também amplia as oportunidades de oferta no mercado livre, trazendo mais dinamismo e competitividade ao setor.
A abertura do mercado de gás natural no Brasil é um movimento que traz desafios, mas também inúmeras oportunidades. A diversidade de players, a entrada de novas infraestruturas e a regulamentação que favorece a competição são elementos que prometem transformar o setor, beneficiando consumidores e fornecedores. O futuro do mercado de gás natural no Brasil é promissor, e cabe a todos nós, agentes do setor, continuar trabalhando para garantir que essa transição seja feita de maneira segura, eficiente e vantajosa para todos.
Fonte: Rede Catarinense de Notícias
Imagem: Fitec Ambiental